As inovações e a complexidade da candidatura do Qatar para ser sede da Copa de 2022 são impressionantes. Porém, em igual proporção, levantam sérias dúvidas sobre a viabilidade do evento dados os vários desafios que teria pela frente – motivo que coloca o país como azarão na eleição do dia 2.
Confiante em seu projeto, a candidatura coloca como principal problema um fator natural: o calor. Os meses de junho e julho, quando será realizado o Mundial, são os mais quentes do ano no Qatar. As temperaturas chegam a 46º C durante o período, praticamente inviabilizando a prática de atividades esportivas durante o dia.
O Qatar criou, então, condições para que as partidas fosses disputadas sob o forte calor diurno: desenvolveu uma tecnologia ambientalmente sustentável capaz de climatizar estádios. Dentro das arenas, a sensação térmica chega a ficar abaixo dos 20° C, tanto para torcedores como para jogadores.
Para provar a eficiência da inovadora tecnologia, o país construiu em dois meses um mini-estádio, instalou o climatizador e testou sob os olhos da delegação designada pela Fifa para avaliar as candidaturas.
– E é um sistema que funciona ainda melhor em larga escala. É seguro e confiável. Pode ser usado a cada dois dias sem problema algum – garantiu Michael Beaven, diretor de engenharia e sustentabilidade da Arup Associates, empresa responsável pelo projeto.
A inovação, no entanto, em nada mudou a visão da Fifa. Em relatório, a entidade apontou um “potencial risco à saúde de torcedores e jogadores” devido ao calor qatariano.
- A mensagem mais forte que queremos passar é de que, quando nos candidatamos, sabíamos que teríamos 12 anos. Sabemos dos nosso desafios e queremos provar que o Oriente Médio pode sediar uma Copa. Não é uma escolha arriscada - afirmou o xeque Mohammed bin Khalifa Al Thani, presidente do comitê de candidatura do Qatar.
AVALIAÇÃO DA CANDIDATURA (notas de 1 a 5):
Estádios
Nenhum está pronto: três serão reformados e nove construídos. Os projetos, porém, são padronizados e utilizam estruturas modulares. NOTA: 4
Hotéis
O projeto oferece à Fifa 24 mil quartos a mais do que o exigido. A maior parte será construída, o que preocupa a entidade. Os preços, hoje, são muito altos. NOTA: 3
Transporte
Haverá estrutura pública de transporte recém-inaugurada e apenas um aeroporto. A demanda poderia ser atendida, mas não há como testar tudo a tempo. NOTA: 3
Segurança
O projeto é bom, mas, assim como no caso dos transportes, não há como ser avaliado a tempo em uma situação de proporção ao menos parecida com a da Copa. NOTA: 3
Legado
As estruturas modulares dos estádios serão doadas para países em desenvolvimento. A tecnologia de climatização também será repassada. NOTA: 5
Política
Apesar de contar com o apoio de boa parte da Ásia, está em baixa na Fifa. Inclusive, foi a única a ser criticada publicamente durante as inspeções.
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